sábado, 7 de maio de 2011

MEMÓRIAS DE UMA FAMÍLIA


Fotos de uma família? Que rica experiência e assim fui aos álbuns de minha família e busquei fotos que mais me marcavam ou impressionavam. A foto do primeiro Sallaberry de minha família paterna no Brasil, sendo ele francês bisavô de meu pai. Por que esta? Fora a pose imponente, a história dele sempre me fascinou.
A foto, não possui data precisa, apenas estimada, pois sabemos que Domingos Sallaberry chegou ao Brasil acompanhando a Companhia Francesa que veio construir os molhes do Rio Grande e aqui acabou ficando e constituindo família. Esta foto é daquelas que levam a uma aventura, pois apesar da pose fotográfica característica, a história deste antepassado flutua no imaginário de sua descendência. Domingos Sallaberry, veio para o Brasil como marceneiro junto com seu tio materno, para não servir ao exército francês. No Brasil, veio parar nas pedreiras do Capão do Leão, pois a Companhia Francesa também construiu a estrada de ferro. Em suas andanças, casou-se com uma brasileira, comprou terras entre Herval e Arroio Grande e gerou seus descendentes. Um fato, o torna um herói no meu imaginário: ter sido convidado pelo tio para voltar à França e rever os seus familiares. Ao retornar para o Brasil precisou de recursos econômicos para viajar que o fez trabalhar em um navio como grumete. O navio acabou sua viagem no Chile e ele veio continente a fora para reencontrar a família, parando para trabalhar e arrumar um pouco de dinheiro, e depois seguindo em frente. Enquanto isto, no Brasil, diziam a sua esposa que o “francês” se fora para nunca mais voltar e que para ela só restava se conformar. Mas, ela nunca duvidou que ele voltaria, e um dia o viu surgir entre as coxilhas, cheio de saudades e aventuras. Foram as histórias familiares que me levaram a escolha desta foto com certeza, pois mesmo imóvel, a imagem me conta novamente a aventura quando a revejo.

Esta foto antiga, além de povoar meu imaginário infantil, me fascinou a vida inteira, principalmente quando íamos lá fora e o pai me mostrava as ferramentas de Domingos Sallaberry e seus trabalhos. Quis a vida, que eu, fascinada por desenho, trabalhando do IFSul, antiga ETFPel, começasse a trabalhar no Curso de Design de Móveis e na sua marcenaria. Como meus amigos brincam, devo ter sangue de cupim. E veio na necessidade de cursar um mestrado, e o Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural me fascinou. Mas qual tema? Uma noite, depois de dar aula, vinha dirigindo e uma idéia me veio a mente... a vida de Domingos Sallaberry. Ali, naquela noite fria, nasceu a idéia de minha dissertação, trabalhar com os marceneiros franceses que imigraram para o Brasil, assim como ele... Por variados motivos, não pude incluí-lo na pesquisa, mas é a ele que dedico meu trabalho.

Cláudia Campos Ribeiro
Março 2010

2 comentários:

  1. Olá, Estou tentando descobrir como e quando domingos sallaberry chegou ao Brasil. Fui conferir a sua história dos molhes do Rio GRande. Mas as datas não batem. Os molhes de rio grande foram construídos entre 1911 e 1919. Domingos faleceu em Herval do sul, justamente em 1911. E segundo alguns relatos ele chegou aqui bem novo.
    Quais são as informações referentes a esta foto que você possui?
    obrigado
    Isidro

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  2. Por favor, esqueci.
    Se tiver mais informações envie para isidro@globo.com

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